Esta foto ilustra bem a minha vida há 5 anos atrás quando fui Au-pair nos estados Unidos. Para quem não me conhecia na altura, ou quem não leu o artigo da Lux Woman (ver post do dia 20 de Outubro), eu vivi um ano em Filadelfia (a 2 horas de Nova Iorque) com uma familia americana. Eu cuidava das crianças e em troca eles pagavam-me os estudos e davam-me "casa, comida e roupa lavada". Passei um ano óptimo com eles, que me tratavam mesmo como se fosse da familia, fartei-me de viajar, fiz amigos, fiquei a falar inglês fluentemente, tirei cursos, mas de tudo o mais importante foi a relação que criei com a minha familia adoptiva e sobretudo com estes diabinhos que muitas vezes testavam o limite da minha paciência mas que eu adorava!
Quando eu estava lá a Zoe tinha 7 anos e o Tyler 5, agora eles têm 13 e 11 respectivamente. A Zoe vai fazer o seu Matmitzvah dia 2 de Dezembro, é que eles são judeos e na sua tradição isto é uma coisa muito importante, é a marca da passagem à idade adulta. Como eu faço parte da família, eles querem-me presente neste evento tão especial para eles por isso convidaram-me e lá vou eu fazer uma visita relâmpago para assistir à tão desejada festa e para matar todas as saudades acumuladas nestes 5 anos que passaram desde que eu voltei.
Para aproveitar que agora que estou no restaurante tenho sempre folga domingos e 2ªs-feiras (o restaurante está fechado), voltei à minha condição de turista que ultimamente estava um poco adormecida, devido à falta de tempo e ao cansaso.
A minha amiga Sarah, que já tinha ido visitar a Milão e com quem visitei Verona começou as aulas na universidade em Trieste. Esta cidade fica a umas 2 horas ao nordeste de Pádua, a 5 minutos da fronteira com a Eslovénia e é uma cidade simpática, sobretudo porque tem mar. Eu sempre vivi a 2 passos da praia, para mim ver o mar todos os dias era uma coisa normal, agora que estou confinada ao interior, ver o mar é sempre uma alegria!
Apanhei boleia do pasteleiro que é de Trieste e também lá ia passar o fim de semana e fui visitar a Sarah. Ela vive mesmo no centro, passeamos pelas ruas já todas decoradas com motivos natalícios e visitamos uma feira de pasteleria tipica que estava a decorrer nesse fim de semana. Digam lá se não sou uma rapariga de sorte?
2ª feira pela tardinha voltei a casa ainda a tempo de dar uma volta pelo centro de Pádua com a minha familia adoptiva e de comer a pizza de 2ªfeira à noite, que é sagrada!
Depois de trabalhar, quando chegamos a casa à 1h da manhã às vezes ainda temos energia para fazer uma refeição em familia. Desta ves as trufas e o arroz apareceram “misteriosamente” em casa e os meus cozinheiros prepararam-nos um “belo risoto al tartufo bianco”! Realmente é preciso amar esta profissão, para depois de 15 horas de trabalho a cozinhar chegar a casa e para fazer qualquer coisa para desanuviar, o que fazemos? Cozinhamos, pois claro!
Risoto já fizemos algumas vezes, outras vezes é uma “spaguetada”, ou se não há vontade de acender o fogão também nos sabe muito bem pão com queijo e salsicha italiana, a final o que conta é o convivio e aproveitar o unico momento do dia em que não estamos a trabalhar.
Viver em comunidade tens as suas coisas menos interessantes (sobretudo na área da casa de banho), mas também pode ser muito engraçado quando formamos uma equipa para fazer estas ceias nocturnas: um põe a mesa, outro cose o arroz, outro corta o pão e em 10 minutos estamos sentados a comer e a beber um belo “vino” e a rir que é o que nos faz falta!
Aqui fica a prova de que não há 2 sem 3! Cá estou na primeira página de outra publicação! desta vez o jornal "caseiro" do restaurante e de toda a equipa que trabalha não só aí como na pastelaria, no hotel, na loja de productos gourmet e no palácio dos banquetes.
A notícia ainda é do lançamento do livro do chef em Milão e a foto é no final da festa, quando todos nós mortos de cansaso nos sentamos no chão a brindar pelo belo dia de trabalho e fomos atacados com flashes vindos de todos os paparazzi presentes na sala. Foi um momento engraçado e para mim, o melhor da noite.
Como é obvio nem com muito boa vontade me conseguem ver na foto, mas eu prometo que sou a que estou dentro do circulo vermelho!
A Sfoglatelle (lê-se "esfolhatele") é uma especialidade do sul de Italia. É uma masa muito fina e crocante em forma de corneto que se recheia com um creme de ricota e frutos cristalisados. Aproveitámos que o pai da Carmela a veio visitar para lhe pedir que nos ensinasse esta especialidade regional, é que ele também é pasteleiro, mas já reformado.
Isto foi no nosso dia livre, o que explica que eu esteja na pastelaria de pijama, é que estava recém levantada e não queria perder nem um minuto da "aula". Fazer a sfoglatelle é um processo muito longo e de paciência, mas depois compensa, hummmmmmmm!
Desde há umas semanas que já não estou a trabalhar na pastelaria, agora estou na parte das sobremesas do restaurante. É completamente diferente, desde o horário, tipos de elaborações, métodos, tudo... E lá tenho de começar tudo de novo, pelo menos não me posso queixar de monotonia!
O meu horario agora é das 9h às 17h, começamos cedinho para preparar tudo para o serviço de almoços, almoçamos nós às 11h30h e depois às 12h começamos a servir os clientes que vão chegando. Depois arrumamos e limpamos tudo e vamos para casa dormir uma pequena "siesta" e às 18h30 recomeçamos a trabalhar para servir os jantares. A história repete-se, jantamos nós às 19h30 e às 20h abre o restaurante, trabalhamos até à 1h da manhã. Portanto trabalho umas 15 horas por dia, o que não está mal se pensarmos que trabalho de graça, lol!
Além da nova vida no restaurante, tenho uma nova vida também em casa. Na foto comigo está a Carmela, uma npva estagiária da pastelaria que veio dividir o quarto comigo. Ela é do sul de Italia e muito simpática, é bom ter outra rapariga aqui para me fazer companhia no meio destes 15 homens!
Os meus links