Gosto muito de andar a passear-me pelo mundo fora e até já estou habituada a não estar em casa, mas para mim o Natal é sagrado. Gosto de estar em casa, passar tempo com a família, fazer filhoses, comer o meu bacalhau na consoada e bolo-rei durante todo o tempo! Por isso o Natal fora de casa nunca sabe a Natal, mas pode-se passar da melhor maneira possível.
Eu e os outros desgraçados (alguns italianos do sul e 2 japoneses) que não pudemos ir a casa juntamo-nos para cozinhar, jantar e rir juntos nesta noite como uma família normal. Acabou por ser muito engraçado e fizemos um menu que dava perfeitamente para mais de 30 pessoas! Vejam lá se a nossa mesa não faria inveja a muitas famílias de verdade?!
E porque este foi o último fim-de-semana antes do Natal e porque depois do ano novo o restaurante vai entrar de férias fizemos um jantar de boas festas/despedida. Foi bom passar uma noite divertida todos juntos longe dos fogões, e também para me treinar para as despedidas a sério dentro de 2 semanas.
Acreditam que estou há quase 6 meses a meia-hora de Veneza e ainda lá não tinha ido? Pois é, como estou tão perto acabei sempre por ir adiando porque pensava que iria ter muitas oportunidades de ir. Mas o tempo vai passando e nem nos damos conta… Mas mais vale tarde que nunca e este domingo lá fui eu conhecer esta famosa cidade com a minha amiga Sarah.
A Sarah veio de Trieste e encontramo-nos lá de manhã cedo, e como boas turistas visitámos os lugares da praxe, tirámos fotografias e vimos centenas de máscaras de Carnaval. Penso que não é por acaso que esta cidade é tão conhecida e visitada, é realmente um lugar muito bonito e particular. É engraçado ver as ruas sem estradas, só com rios e em vez de carros, barcos estacionados às portas.
Visitámos o bairro judeu, atravessámos dezenas de pontes encantadoras, vimos a extraordinária basílica de São Marcos e a respectiva praça cheia de pombos, a ponte dos suspiros e depois apanhámos um ferry até Murano.
Murano é uma aldeia cheia de canais que fica a uns 20 minutos do centro de Veneza, e é famosa pelos seus vidros. Toda a aldeia vive da produção de vidro que daqui é exportado para todo o mundo. Nós fomos a uma fábrica ver uma demonstração e depois andámos a exposições e lojas com estas obras de arte.
Voltámos às nossas respectivas casas já de noite. Ainda bem que não deixei de visitar Veneza, mesmo que tenha sido só por um dia!
Panettones, galupos, focaccias e pandoros são os doces preferidos dos italianos nesta época. Têm todos a mesma base: uma massa que demora 3 dias para estar pronta e que é feita com fermento natural. Depois uns levam frutos cristalizados, outros não levam nada na massa, mas têm uma cobertura que pode ter vários sabores, etc, o importante é que sejam bons e que estejam obrigatoriamente nas mesas italianas por altura do Natal.
Aqui na pastelaria agora fazem-se fornadas e mais fornadas por dia para dar vazão às imensas encomendas dos clientes gulosos. Eu como continuo no restaurante não posso fazer parte do processo a 100%, mas sempre que posso vou dar uma espreitadela. É que estes doces só se vêem mesmo aqui e tenho de aproveitar todas as oportunidades para aprender como se fazem estas coisas que são únicas.
Uma coisa que acho engraçada é como imediatamente depois de saírem do forno, temos de lhes dar a volta para não baixaram. É muito giro, há uns paus enormes com uns espetos onde se vão colocando os panettones e depois são precisas duas pessoas para lhes dar a volta. Têm que se deixar assim até arrefecerem, porque como a massa é muito pesada poderia afundar-se e assim mantêm a forma. E depois é só comer, hummmmmmmm! E acompanhado de um cappuccino são ainda melhores!
Ahí está o chef do restaurante a partir um gigante com 5 kg para nós provarmos.
Com um pouco de atraso, mas aqui vai:
Finalmente aterrei no aeroporto de Filadélfia depois de muitas horas de viagem que incluíram as seguintes peripécias:
Mas tudo isto deixou de ter importância assim que cheguei e vi a minha “família”, os miúdos, os cães, os gatos, a casa, os vizinhos, os amigos, tudo… Por momentos recuei 5 anos no tempo, foi muito engraçado! Vejam a foto e digam lá se eles não estão giros?! E enormes!
Só lá estive 5 dias, mas adorei! A festa da Zoe foi muito engraçada e foi óptimo ter lá estado e viver aquele momento com todos eles e matar as saudadinhas de todas as americanices que achava muita graça enquanto lá vivi. Estas “mini-férias” só tiveram uma coisa chata: a pouca vontade de voltar a Itália para retomar o trabalho…
Mas teve de ser, lá fiz a viagem de volta (com as mesmas peripécias) até à minha casa italiana para continuar o meu estágio que está mesmo quase a acabar.
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