Acreditam que estou há quase 6 meses a meia-hora de Veneza e ainda lá não tinha ido? Pois é, como estou tão perto acabei sempre por ir adiando porque pensava que iria ter muitas oportunidades de ir. Mas o tempo vai passando e nem nos damos conta… Mas mais vale tarde que nunca e este domingo lá fui eu conhecer esta famosa cidade com a minha amiga Sarah.
A Sarah veio de Trieste e encontramo-nos lá de manhã cedo, e como boas turistas visitámos os lugares da praxe, tirámos fotografias e vimos centenas de máscaras de Carnaval. Penso que não é por acaso que esta cidade é tão conhecida e visitada, é realmente um lugar muito bonito e particular. É engraçado ver as ruas sem estradas, só com rios e em vez de carros, barcos estacionados às portas.
Visitámos o bairro judeu, atravessámos dezenas de pontes encantadoras, vimos a extraordinária basílica de São Marcos e a respectiva praça cheia de pombos, a ponte dos suspiros e depois apanhámos um ferry até Murano.
Murano é uma aldeia cheia de canais que fica a uns 20 minutos do centro de Veneza, e é famosa pelos seus vidros. Toda a aldeia vive da produção de vidro que daqui é exportado para todo o mundo. Nós fomos a uma fábrica ver uma demonstração e depois andámos a exposições e lojas com estas obras de arte.
Voltámos às nossas respectivas casas já de noite. Ainda bem que não deixei de visitar Veneza, mesmo que tenha sido só por um dia!
Panettones, galupos, focaccias e pandoros são os doces preferidos dos italianos nesta época. Têm todos a mesma base: uma massa que demora 3 dias para estar pronta e que é feita com fermento natural. Depois uns levam frutos cristalizados, outros não levam nada na massa, mas têm uma cobertura que pode ter vários sabores, etc, o importante é que sejam bons e que estejam obrigatoriamente nas mesas italianas por altura do Natal.
Aqui na pastelaria agora fazem-se fornadas e mais fornadas por dia para dar vazão às imensas encomendas dos clientes gulosos. Eu como continuo no restaurante não posso fazer parte do processo a 100%, mas sempre que posso vou dar uma espreitadela. É que estes doces só se vêem mesmo aqui e tenho de aproveitar todas as oportunidades para aprender como se fazem estas coisas que são únicas.
Uma coisa que acho engraçada é como imediatamente depois de saírem do forno, temos de lhes dar a volta para não baixaram. É muito giro, há uns paus enormes com uns espetos onde se vão colocando os panettones e depois são precisas duas pessoas para lhes dar a volta. Têm que se deixar assim até arrefecerem, porque como a massa é muito pesada poderia afundar-se e assim mantêm a forma. E depois é só comer, hummmmmmmm! E acompanhado de um cappuccino são ainda melhores!
Ahí está o chef do restaurante a partir um gigante com 5 kg para nós provarmos.
Para aproveitar que agora que estou no restaurante tenho sempre folga domingos e 2ªs-feiras (o restaurante está fechado), voltei à minha condição de turista que ultimamente estava um poco adormecida, devido à falta de tempo e ao cansaso.
A minha amiga Sarah, que já tinha ido visitar a Milão e com quem visitei Verona começou as aulas na universidade em Trieste. Esta cidade fica a umas 2 horas ao nordeste de Pádua, a 5 minutos da fronteira com a Eslovénia e é uma cidade simpática, sobretudo porque tem mar. Eu sempre vivi a 2 passos da praia, para mim ver o mar todos os dias era uma coisa normal, agora que estou confinada ao interior, ver o mar é sempre uma alegria!
Apanhei boleia do pasteleiro que é de Trieste e também lá ia passar o fim de semana e fui visitar a Sarah. Ela vive mesmo no centro, passeamos pelas ruas já todas decoradas com motivos natalícios e visitamos uma feira de pasteleria tipica que estava a decorrer nesse fim de semana. Digam lá se não sou uma rapariga de sorte?
2ª feira pela tardinha voltei a casa ainda a tempo de dar uma volta pelo centro de Pádua com a minha familia adoptiva e de comer a pizza de 2ªfeira à noite, que é sagrada!
A Sfoglatelle (lê-se "esfolhatele") é uma especialidade do sul de Italia. É uma masa muito fina e crocante em forma de corneto que se recheia com um creme de ricota e frutos cristalisados. Aproveitámos que o pai da Carmela a veio visitar para lhe pedir que nos ensinasse esta especialidade regional, é que ele também é pasteleiro, mas já reformado.
Isto foi no nosso dia livre, o que explica que eu esteja na pastelaria de pijama, é que estava recém levantada e não queria perder nem um minuto da "aula". Fazer a sfoglatelle é um processo muito longo e de paciência, mas depois compensa, hummmmmmmm!
O chef do “meu” restaurante escreveu um livro e o lançamento foi no melhor hotel de Milão. Todos da equipa de cozinha fomos recambiados para Milão na 2ªfeira passada para servir um banquete com 20 pratos a cerca de 200 pessoas que foram assistir ao grande evento.
No domingo eram 2h da manhã e ainda andavamos todos em casa numa histeria a passar os uniformes a ferro, limpar sapatos e deixar prontas as mochilas, tudo tinha de estar impecável! A partida para Milão foi às 6h da manhã depois de carregarmos o autocarro com toda a comida e utensilios vários. Chegámos ao hotel e começámos logo a trabalhar, havia tantas coisas que fazer... Nós os pasteleiros além de 4 sobremesas diferentes, tinhamos ainda de cobrir de chocolate beringelas confitadas e pedaços de couve flor crua (foto). Claro que isto vos parece a coisa mais absurda do mundo, mas eu posso garantir que é bom sim senhor! São as modernices da nova cozinha que procura sabores diferentes, e eu que sou um bocado esquisita para comer dou por mim a provar coisas estranhíssimas, mas são os ossos do ofício e às vezes com boas sorpresas!
Mas voltando a Milão, lá servimos o banquete que depois de muita correria e horas de trabalho, saíu muito bem. Mas faltava o pior, arrumar e limpar tudo, carregar o autocarro e a viagem de volta a Pádua. Depois de tudo isto chegámos por fim a casa às 5h da manhã. E assim se trabalha 23 horas num día!
Mas foi uma experiência incrível, adorei ter participado apesar da canseira que foi. No dia seguinte o chef chamou-nos a todos e para agradecer ofereceu-nos um livro a cada. Obviamente ficámos todos contentes, é que o livro além de ser um belo “recuerdo” deste dia e deste capitulo da minha vida custa a modica quantia de 150 euros!
Às vezes recebo algum email intitulado "Portugal no seu melhor", repleto de fotos de situações absolutamente caricatas no nosso Portugal profundo e não só. Ora aqui fica a prova que essas coisas acontecem em todo o lado! Reparem nesta montra numa praça de Vicenza, no mínimo curiosa!
Pois é hoje decidi ir dar um "giro" a Vicenza que é uma cidade vizinha de Pádua (só 25 minutos de comboio). É realmente muito bonita, cheia de monumentos considerados Património da Humanidade pela Unesco e com uma história e cultura arquitectonicas muito importantes, visto ser natural desta cidade um dos maiores arquitectos do país: Palladio. Claro, que como tenho a cabeça nas nuvens esqueci-me que em Itália está tudo fechado às 2ªs-feiras, portanto cheguei lá e deparei-me com uma cidade quase fantasma! Lojas, museus, cafés: tudo fechado! Pelas ruas só andavamos eu, os típicos avós ingleses com a bela chineloca e a meia, os japoneses com as suas máquinas fotográficas e algumas familias de franceses vestidos como sempre com roupa com padrões de flores, todos com a mesma cara de tacho por ter encontrado tudo "chiuso"! Pelo menos sempre deu para dar uma volta, mudar de ares e ver edificios bastante bonitos. E claro, para provar que as distrações são universais!...
1- Galerias Vittorio Emanuelle no centro de Milão
2- Casas en Verona
3- Piazza del Duomo em Milão
4- Turistas = mapa
5- Verona vista do castelo
6- Estátua de Julieta
7- Eu e a Sarah na Arena de Verona
Aproveitando os dois dias de soltura que o feriado de 3ªfeira proporcionou, resolvi ir visitar a minha amiga Sarah que vive em Milão. Conheci a Sarah nos Estados Unidos quando eramos as duas Au-pairs, eu estava em Filadélfia e ela em Atlanta. Além de nos termos visitado mutuamente ainda fizemos juntas uma viagem por toda a costa californiana no fim do nosso ano lá. Isso foi há 5 anos e nunca mais nos tinhamos visto, mas sempre mantivemos o contacto. Foi tão engraçado vê-la de novo e ter a sensação de que estes 5 anos não existiram, foi como se a despedida no aeroporto de São Francisco, cheias de malas, tivesse sido a semana passada! É tão bom quando estas coisas acontessem!
Trabalhei no domingo de manhã e depois de almoçar com alguns dos meus homens rumei a Milão, onde já cheguei de noite. Claro que a primeira coisa que fizemos, eu e a Sarah, foi ver todas as fotos dos Estados Unidos e reviver todos aquelos momentos entre gargalhadas e saudades.
Na 2ª feira iniciei então a rota turistica pela cidade, obviamente uma rota priveligiada por ter uma guia local (a Sarah é alemã, mas sempre viveu em Milão). Levou-me ao Castelo que era a antiga fortaleza quando Milão era a capital de Italia, ao Piccolo Teatro, à famosa Opera La Scala, às lindissimas Galerias Vittorio Emanuel onde estão todas as lojas dos desenhadores famosos (e caros), ao Duomo (catedral) e à sua impressionante “piazza” e a dar uma volta pelo centro. Tudo muito bonito!
Ontem fomos com um amigo dela a Verona, aqui todos a fazer turismo com direito a mapa e tudo. Que cidade linda!!!!! Já me tinham dito que era impressionante e tinha expectativas muito elevadas e mesmo assim não fiquei desiludida! Vimos a Arena onde agora se fazem espectaculos de ópera, as “piazzas” que são um encanto, um mercado, a casa da Julieta e a casa do seu Romeu, a catedral e algumas igrejas (todas lindas) e ainda tivemos forças para subir ao antigo castelo para sermos compensados com a maravilhosa vista de toda a cidade. Parecia um cenário, se vierem a Italia não percam esta imagem!
Obviamente que tudo o que é bom acaba e ao fim da tarde tivemos de regressar às respectivas casas, porque hoje o trabalhinho já estava à espera. Deixou-vos algumas fotos, para vos fazer um poquinho de inveja! Baci!
Domingo depois de trabalhar fui com esta gente almoçar a casa de um dos que trabalha no restaurante. O pasteleiro tinha ido comprar comida e entre todos, fizemos o “pranzo” (almoço). Quando eu vi os dois belos peixinhos no saco pensei: não acredito! Não acredito que hoje não vou comer massa! Mas claro, foi falso alarme... no saco ao lado lá estava ela, como não?! Pelos vistos, apesar de haver outras coisas, de entrada tem-se sempre de comer massa. Se não os posso vencer, junto-me a eles, o que eu que eu posso fazer?...
A mim incumbiram-me de descascar as gambas e começaram uns a fazer o molho de tomate (para a massa, claro) e outros a arranjar os peixes. Foi uma imersão total na gastronomia caseira italiana, uma tarde muito gira! Para a posteridade fica o Franco (um dos pasteleiros) com a prova do crime: a panela de cozer a massa!
Já me acostumei a esta rotina e os meus dias lá vão passando entre o trabalho e o calor. Eu sei que a onda de calor é por toda a parte, mas aqui está mesmo insuportável! É que a maioria de voçês não têm de passar 10 horas ao lado de um forno... Felizmente estou em Itália, onde se fazem os melhores gelados do mundo!
O gelado italiano é diferente dos gelados normais porque é feito com menos ar na mistura, por isso fica mais denso e cremoso. Eu adoro, está claro! Além disso têm uns sabores geniais e há geladarias por toda a parte. Os italianos adoram gelados (quase tanto como eu) e na rua anda sempre tudo com o seu cone ou tacinha. Eu já me dei ao trabalho de seguir o flujo ao contrário de uns geladitos com muito bom aspecto, na minha dificil missão de decidir qual é a melhor geladaria de Pádua! É um sacrificio eu sei, mas alguém tem de o fazer!
No domingo foi o aniversário de um dos meus homens aqui de casa, e fomos todos e agregados a uma discoteca para os lado de Veneza. Bom, as figuras que eu vi nessa noite, precisava e 3 ou 4 blogs, meus amigos! O português é bimbito, mas o italiano!... Ele são os cordões de ouro, os cabelinhos compridos muito sebosos, os anéis que parece que são para lhes segurarem os dedos à mão, o azeitinho no peito depilado para ficarem mais brilhantes... Epá! Parece que vão estrelar ovos no peito, bimbos pá! Bimbos!
Bom a experiencia traumática (lol) da noite italiana serviu sobretudo para estar com esta gente fora do ambiente de trabalho, porque como na pastelaria temos um horário diferente dos do restaurante acabo por não ter muito contacto com eles.
Hoje fui jantar (vou sempre jantar ao restaurante às 19h30, mesmo que já tenha acabado de trabalhar) e entrei em estado de choque! Finalmente aconteceu: HOJE NÃO HAVIA MASSA! Passa-se algo de estranho, isso garanto-vos eu!
A pastelaria fecha sempre às 2ªs-feiras e só trabalho domingo sim, domingo não. No meu primeiro “fim-de-semana” livre, rumei a Turín (a 5 horas em comboio) onde está a viver há 2 anos a Sílvia, a minha irmã adoptiva e o Juanjo (cunhado adoptivo). Não podem imaginar o que é ver pessoas conhecidas depois de 2 semanas intensivas com italianada estranha!
No caminho para lá o comboio teve de ser desviado porque encontraram uma bomba! Eu fiquei realmente preocupada (não pela bomba), mas pela coincidencia: Sempre que eu estou num pais novo há um atentado (Usa-11 Setembro, Espanha- 11 Março)! Mas afinal não foi o caso, a bomba era da 2ª Guerra Mundial e encontraram-na quando estavam a fazer obras na linha. De qualquer maneira, acho que eu e as bombas e as bombas e eu...
Lá cheguei... Turín pareceu-me uma cidade muito simpática, os meus anfitriões levaram-me a comer pizza e gelado e a dar umas voltas pelo centro. A cidade está muito bem arranjada, devido aos jogos olimpicos de Inverno que foram lá no principio desde ano. Ficou obvio que tenho de voltar, não só para os ver de novo, mas porque turín é a capital italiana do chocolate! É lá que estão as fabricas da Ferrero e de outras marcas conhecidas, portanto terei de fazer o sacrifício de fazer uma coisa terrível que se chama “chocolate tour”!
Na 2ª feira estive num parque por onde passa o rio Po e depois de almoço (de novo pizza e gelado, eh eh eh) apanhei o comboio para regressar a Pádua. Foi bom, mas soube a pouco...
... E depois das complicações do costume (exceso de bagagem, uma confusão de guichets no aeroporto, uma manifestação em Veneza e uma greve de táxis) lá cheguei ao restaurante onde vou estar nos próximos 6 meses.
Mostraram-me a casa e o restaurante a correr e fui logo trabalhar. Os primeiros dias foram bem duros, com 12 horas de trabalho seguidas! Das 7h às 19h, e com uns sapatos novos que me deixam os pés feitos num oito. Estes últimos dias já não tenho trabalhado tanto (a dona foi de férias, isto é igual em todo o lado), mesmo assim as minhas 10 horitas ninguém m’as tira!
Comecei o estágio pela pastelaria, em principio vou ficar aqui 3 meses e depois passo ao restaurante, onde fico outros 3 meses.
A Itália é um pais estranho... eu tinha outra idea dos italianos, pensava que eram mais extrovertidos (mais parecidos aos espanhóis), mas não! São bastante sérios e secos, pelo menos estes do norte, já me disseram que os do sul são mais alegres.
Com os dias tão longos de trabalho ainda não me deu tempo para ver nada, mas no meu primeiro dia livre fui dar uma volta a Pádua. É uma cidade pequena, muito antigua, com umas praças muito agradáveis e edificios bonitos. Eu tinha muita curiosidade por conhecer a igreja de Santo António aqui, não por motivos religiosos mas culturais. Aí fui eu lançada, seguindo o mapa que me deram nas informações turisticas e lá cheguei. A verdade é que a igreja é diferente, e bem mais pequena, do que eu estava à espera (aqui fica a foto para os interessados). Quando ia a entrar, o segurança parou-me logo a dizer que pusesse alguma coisa pelos ombros que assim não podia entrar que era muito desrespeituoso! Tá bem, ía agora de casaco com os 30 e muitos graus que faziam! Esta gente não está bem da cabeça... Bom e por culpa da minha camisola de alças tive de adiar a visita e por todas as velas que me encomendaram noutra altura. Fui comer um gelado, o que é que eu ía fazer...
Já estou farta de massa, desde que cheguei só tenho comido massa ao almoço e ao jantar! É sempre diferente, mas é sempre MASSA! Reparem no que havia para jantar um dia desta semana: massa (para não variar), arroz, batatas e para acompanhar... pão! Vivam os hidratos de carbono!
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