Quem me conhece sabe que eu adoro gelados. Eu podia comer gelados a todas as refeições sem grande sacrificio. Tenho até a minha própria máquina de gelados em casa e adoro exprimentar novos sabores. Quando estive em Itália comia tantos!!!!!!! Os gelado lá são tão bons e cremosos, que saudades! Também gostava muito dos gelados americanos, que raramente eram de um sabor simples, mas vinham carregados de pedacinhos de coisas boas (como os da Haagen Dazs, Baskin Robbins ou Ben&Jerry's). Aquilo não são gelados, são sundaes gigantes! Para mim não há mesmo nada melhor!...
Não é dificil perceber o meu contentamento por ter estado numa fábrica de gelados artesanais a desenvolver novos sabores e criar sobremesas para as próximas newsletters e site que eles vão lançar proximamente. Um trabalho muito giro, mas muito sacrificado: provar e provar gelados e mais gelados! Realmente a vida é difícil às vezes!....
Confessem, estão com uma pontinha de inveja, não estão? Lol!
Oh pra mim em acção a "pasteleirar" no novo restaurante "Estado Líquido Fusion" onde estive a fazer as sobremesas.
Querem provar, querem? Então vão lá, fica ali em Santos. Vão, vão que a comidinha é bem boa e o espaço também é muito giro. Não se esqueçam é de pedir sobremesa!
Longe vai o tempo em que o bolo-rei fazia parte do meu dia-a-dia, ou devo dizer da minha noite-a-noite?... Longe vai o tempo em que acordava sobresaltada com o despertador que rompia o silêncio da madrugada e interrompia o meu sono profundo. Longe vai também o tempo em que me ria das parvoíces dos meus colegas pastelerios, mas isso é um capitulo à parte...
Foram só 2 mesinhos que estive naquela pastelaria, não queria mais, foi só mesmo um estágio para ter uma noção mais practica da nossa pastelaria comercial. Afinal a rapariga andou por tanto lado a fazer coisas típicas de outros sítios e depois não me sabia fazer o belo do pastel de nata, a bela da bola com creme e o exlibris do nosso Natal o bolo-rei, pois então! Foi bom, foi mesmo muito bom. Custou, ah pois custou, mas o que aprendi compensou.
Já sabia, mas se tivesse qualquer dúvida tinha ficado esclarecida: este não é de facto o tipo de pastelaria que eu me vejo ou quero fazer. Não é que não goste, nem é por uma questão de perconceito, é simplesmente porque eu gosto de fazer coisas únicas e não apenas mais uma versão do que é feito na pastelaria da esquina de cima, ou na pastelaria da rua de baixo.
Até tive pena de me vir embora, sobretudo por deixar de conviver diariamente com aquelas figuras que trabalhavam comigo e que me brindavam com pérolas diárias de humor espontaneo. Os que conviveram comigo durante estes 2 meses chegaram a ir às lágrimas com as histórias que eu trazia de cada jornada de trabalho. Aquilo é que era mesmo "cada cavadela, cada minhoca"! Cheguei mesmo a andar com um caderno para ir apontando aqueles dizeres.
O "Farinha" passava a vida a cantar uma canção que tinha uma letra de um valor poético imbativel: "Tenho uma rata no sotão, perto da lata da tinta, todos os dias lá vou a ver se a rata já pinta, lalalalala..." Também ele me contava todos os dias a mesma anedota, também na mesma linha poética: "Oh mãezinha a luz também se come? Não meu filho, porquê? Porque ouvi o papá a dizer à criada -Oh Maria apaga a luz e mete-a na boca." Peço desculpa pela brejeirice, sei que isto é um blog familiar mas não resisti.
Depois havia o "Shôr" Hélio, que era o encarregado, o "Shôr" Arlindo que era "morcãoeee", o Ti Zé alentejano, o Gordo, o Pereira, que me dizia que tinha muita barriga não por comer todos os dias uns 7 bolos, mas porque estava grávido, dizia ele que o menino tinha até o bracinho de fora... Enfim... Havia ainda o Vitor decorador e o Vitor padeiro, que no meu ultimo dia de trabalho ligou para a estação de rádio que ouviamos madrugada a dentro e me dedidou o clássico do Clemente "Vais partir"!
Pois foi e parti mesmo...
Ora aí está a frase que mais oiço como comentário a certas decisões que eu tomo. Ultimamente tenho-a ouvido muito em relação à minha última "maluquice".
Então é assim: Eu quando me despedi no hotel no País de Gales não tinha ainda planos para outro trabalho, só quando estava já cá é que comecei a pensar nisso. Como já estavamos a caminho de Novembro e eu queria passar cá o Natal, encontrar um trabalho por aqui pareceu-me uma boa opção. Como eu andei sempre a "pasteleirar" lá fora o meu conhecimento da nossa pastelaria típica portuguesa era mais na base da teoria e como boa portuguesa que sou e boa pastelerira que quero ser isso era de facto uma falha. Estou-vos a falar da bola de Berlim, o mil-folhas, o pastelito de nata e todos esses bolos com que crescemos e que sempre fazeram parte da nossa vida, além disso nesta época ainda lhe juntamos o só nosso Bolo-rei. Pois é, eu estas coisas nunca tinha feito e queria aprender.
E se bem o pensei, melhor o fiz. Aí fui eu armada com o meu CV e toda a minha cara-de-pau a uma conhecida pastelaria da nossa praça perto de minha casa. E não é que me contrataram logo? Bom, eu também expliquei que o que eu queria era uma espécie de estágio que durasse aí uns 2 meses. Porque diga-se em abono da verdade que apesar de querer aprender esta vertente não é de facto o tipo de pastelaria que eu quero fazer.
Então a meio de Novembro comecei a trabalhar na dita pastelaria. O horário é que não é muito simpático: entro todos os dias à bela hora das 4h da matina! E isto de levantar-me às 3h, quando a camita está ainda a só aquecer não pode ser saudável! Quase que tenho de dar razão a quem me chama maluca...
Quando conseguirem atravessar a sola dos vossos sapatos de trabalho com os dedos acho que é quando está na hora de parar de trabalhar!
Este foram os sapatos que usei durante estes 6 meses, e que no final ficaram assim... e é por isso que agora estou a gozar as minhas merecidas férias já em casa e a gozar dos ultimos dias de sol, que foi bastante simpático e esperou por mim!
Este é o restaurante/ hotel onde trabalho e onde tenho passado os dias metida, por isso nem tenho tido tempo de vir aqui contar as novidades por terras gualesas.
Por agora vai tudo muito bem, estou contente, gosto do sitio e do trabalho. Tenho trabalhado muitas horas (deve ser sina, jé em Itália era a mesma coisa), mas tenho sobrevivido!
A vilazinha onde vivo é muito simpática, chama-se Llandudno (é um nome gaulês que se lê "randudeno"), vivo a menos de 1m da praia, que é numa baía rodeada por dois montes verdes: o little orme e o great orme. Aliás tirando a praia tudo é muito verdinho e cheio de ovelhinas e esquilos.
Na casa onde vivo com os outros que também trabalham no hotel mais parece a Torre de Babel, com gente de todo o mundo: Polónia, Inglaterra, Hungria, Alemanha, Turquia, Uzbequistão, República Checa... quase que podemos fazer aqui o Festival da eurovisão!
Já pus algumas fotos no Espaço do msg e o link do hotel aqui à esquerda para que possam investigar. Prometo mais noticias em breve, agora que já estou instalada vai ser mais fácil!
Ora aqui está uma imagem típica da famosa Feria de Sevilla: As senhoritas, vestidas com os seus melhores trajes de "gitana" a bater as palminhas... Enfim, sevilhanices... O ano passado conheci a feria "por fora", saltitando de caseta em caseta, comendo "pescadito frito" e bebendo mojito. Este ano conheci a feria "por dentro", ou seja, trabalhei na cozinha de uma caseta.
É um trabalho um pouco duro, são muitas horas por dia. Aguenta-se, porque é só uma semana, o horário era das 11h às 2h. Claro está que acabei "HASTA ER COÑO" da feria, que é como quem diz, um bocadito farta. Farta das músicas, das sevilhanas vestidas con vestidos de bolas, dos sevilhanos vestidos com calças até aos sovacos, dos cavalos (sim, que não faltem os cavalos e as respectivas carruagens), da comida que se servia, de tudo!
No meio disto, ainda para alegrar a semana, fiquei completamente afonica! Não é que estivesse um bocado rouca, nããããão! É que não me saíam sons pela boca! A mim, a mim, que não gosto nada de falar! Que trauma, tinha de bater palmas para chamar à atenção dos empregados de mesa a avisar que já tinham os pratos preparados!
Mas pronto, passou e a minha vida rapidamente voltou ao normal. E a contagem decrescente para acabar a escola começou...
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