No primeiro ano em que vivi em Sevilha e quando era ainda uma mocita inocente (leia-se "não consporcada" com o calão espanhol) fiz uma aposta com o meu colega de turma Alberto. Já nem me lembro bem sobre o que era, mas acho que tinha a ver com notas.
Alberto - Que si Rita tia! Apostamos?
Eu - Venga si, apostamos! El que?
Alberto - Por ser para ti, apostamos un KIKI!
Eu - (estendendo a mão para formalizar o acordo, pensando que estava a apostar um salgadinho de milho frito muito apreciado por aqueles lados) Vale!
Pela cara de espanto da Alicia e a cara de contentamento exacerbado do Alberto percebi logo que ali havia gato.
Alicia - Rita tu sabes lo que es un KIKI?
Eu - Claro, maiz (milho) frito, no?
Alicia - KIKO Rita, KIKO! Eso es un kiko!
Então mas afinal o que era um Kiki? Imaginem que a situação se passava em Portugal e um estrangeiro pensando que apostava um queque, tinha apostado uma outra coisa um bocadito mais comprometedora... Um kiko está para o queque como um kiki está para uma... enfim já perceberam espero.
Eu perdi a aposta e durante os 3 anos seguintes poucos foram os dias em que o Alberto não me mencionou que ainda lhe devia um kiki... Enfim, estrangeira inocente sofre!
Bom, não sei se na esperança de que lhe pagasse a divida ou meramente com ideia de fazer turismo o Alberto apresentou-se cá para passar uns dias e conhecer a nossa Lisboa. Como já sou especialista em fazer tours lá o levei aos sítios do costume e apesar de não lhe ter pago o kiki divertimo-nos muito!
No primeiro ano em que eu vivi em Sevilha, vivi numa residência universitária onde fiz vários amigos. A residência era composta por ruas cheias de mini-casinhas/quartos individuais todos pegados uns aos outros. Era um estilo de vida engraçado, onde as pequenas ruas se transformavam em grandes salas de estar e os vizinhos conviviam.
O Giorgi era um dos meus vizinhos, vivia do outro lado da rua, umas 3 portas abaixo e mesmo depois de ambos termos saído da residência continuámos amigos. Por isso fiquei toda contente por saber que ele e um amigo seu, o Canário, vinham passar um fim-de-semana a Lisboa. As férias da Páscoa atraem os espanhois a Portugal cá com uma pinta! E estes dois deixaram-se atrair e lá vieram conhecer "mi pueblo", como lhe chamavam. Tentei várias vezes explicar-lhes que isto era mesmo um país e não uma aldeia (pueblo), mas enfim...
Claro que como já estou diplomada em ser guia turística não me custou fazer um micro itenerário para lhes mostrar algumas coisas bonitas aqui no "pueblo".Encontramo-nos em Belém e claro que não levá-los a comer uns pastelitos era um crime. Eles gostaram muito, mas quem não gosta?
Depois de uma volta por Lisboa lá seguimos rumo ao Estoril e Cascais e lá levei os meninos ao Cabo da Roca "donde la tierra acaba y el mar comienza". Estava cá um vendaval! Não levantámos voo por sorte!... Os espanholitos gostaram, só acharam que estava muito cheio de... espanhóis! Lol!
Aqui estou e um dos meus "maridos" que arranjei ainda no País de Gales. O Lazslo que eu já tinha ido visitar à Hungria, veio retribuir a visita. Veio pouco tempo depois de eu ter voltado e ainda aproveitou um belo calorzinho. "Obrigou-me" a fazer turismo, eu que ando de um lado para o outro "lá fora", desta vez calhou-me andar de um lado para o outro "cá dentro". Corremos as capelinhas turisticas todas aqui da zona e sabem uma coisa? Soube tão bem! Que país tão simpático que temos!
A maior parte de nós só damos estas voltas ainda em visitas de estudo nas escolas, depois deixamos de ter tempo, paciência ou então nem reconhecemos a importância ou beleza de certas coisas, porque as vemos todos os dias ou então porque infelizmente temos uma cultura de "a galinha do vizinho é sempre melhor que a minha" tão enraizada que não percebemos o quão sortudos somos.
Vá lá, sacrifiquem umas horitas de sono ao fim-de-semana e vão passear para a Baixa, apanhem o eléctrico 28 e subam até ao castelo de São Jorge, comam pastéis de Belém enquanto apreciam os monumentos circundantes, vão ao centro de Cascais e também à marina para verem bem toda a a baía, subam a pé até à Boca do inferno. Passem pelo Guincho a caminho do Cabo da Roca e fiquem lá sentados só a admirar "onde acaba a terra e começa o mar"... E claro Sintra é sempre Sintra e os travesseiros da Piriquita são sempre os travesseiros da Piriquita!
Pronto, pronto também não digo para fazer tudo isto só num dia mas aproveitem o fim-de-ano próximo e apontem na vossa lista de coisas para fazer em 2008, não se vão arrepender! Afinal de contas vêm pessoas de todo o mundo para ver estas coisas, e nós aqui tão perto...
O Lazslo foi-se embora a meio de Outubro e só resta dizer que ele adorou e a mim soube-me mesmo a férias!
Finalmente depois de mais de 3 meses aqui tive visitas! A "mana" Sílvia e o respectivo Juanjo vieram-me ver e conhecer Pádua. Chegaram sábado à noite, mesmo a tempo de jantar no Calandrino, que é um mini-restaurante/bar anexo ao Calandre (o restaurante principal) e à pasteleria La Calandrina. Como podem ver, imaginação para dar nomes não lhes falta!
Infelizmente no domingo eu tive de trabalhar, mas eles estiveram comigo na pastelaria algum tempo enquanto eu preparava uma quantidade indecente de croissants e pastelitos. A Sílvia e eu, como boas "irmãs", compartimos o pecado da gula e obviamente que a fiz provar tudo e mais alguma coisa que me passou pelas mãos naquela manhã. Ora um tiramisú, uma tarte de massa folhada, um pastelito de chocolate branco e caramelo e eu sei lá mais o que. O certo é que ela ficou fornecida de açúcar para pelo menos 3 meses!
Quando acabei de trabalhar fui com eles dar uma volta ao centro de Pádua, que se vê em meia hora porque a cidade é pequenita. E depois de muitas gargalhadas principalmente devido às minhas confusões com o italiano eles regressaram a Turín e eu regressei à vida real com os meus italianos. Agora é a minha vez de os ir visitar de novo!
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